sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Anivaldo Padilha e Maurício Grabois

Acho que foi por uma troca de e-mails na lista do Evangélicos Pela Justiça que conheci Anivaldo Padilha.
Ele me perguntou sobre meu parentesco com Maurício Grabois. Respondi que o Maurício era meu tio-avô, explicando que obviamente nunca tinha chegado a conhecê-lo, pois ele tinha sido morto em 1973 e eu só fui nascer em 1988.

Um tempo depois, talvez mais de um ano depois, encontrei com Anivaldo Padilha na rua e na hora nos reconhecemos, graças aos benefícios do mundo virtual. Ele estava no Rio por conta da Cúpula dos Povos. Nos esbarramos por acaso próximo ao Aterro do Flamengo; nos cumprimentamos, foi um momento rápido, mas cheio de significado para mim.

Como pode que eu me sinta tão ligado à luta que Anivaldo travou e à dor que ele sofreu durante a ditadura civil-militar?

A luta dele mobilizava a fé, a religião e a espiritualidade em direção a uma contestação daquele governo ditatorial. A luta da minha família mobilizou outras armas e ideias...

Hoje, distantes tanto de uma ditadura quanto de uma democracia plenamente consolidada, lutamos. Lutamos ao lado de irmãos e irmãs, amigos e amigas de Caminhada. Essa caminhada remonta historicamente ao que Maurício e Anivaldo construíram e sofreram naqueles anos já distantes: suas experiências marcaram para sempre meu imaginário.

Hoje, defendi uma dissertação de mestrado. Nela pus uma dedicatória bem sintética: "À memória de Maurício Grabois". Com isso quis homenagear toda a minha família, tudo de bom que há nela, toda luta que ela carrega em sua história.

Quando ouço o depoimento de Anivaldo Padilha, sinto que é de mim, da minha história que ele está falando.